O desafio da Energia de Roraima ainda é uma questão que gera dúvidas e discussões. Hoje, o Estado é o único do país que não está interligado ao Sistema Nacional. E, desta forma, são as usinas termoelétricas que geram a energia para todo o Estado.
Contudo, o esforço para vencer o desafio da energia de Roraima é bem antigo. E começa quando Romero Jucá era o governador do Estado.
O desafio da Energia de Roraima e o apoio do Governo Federal
Ainda na transição para o Estado, Romero Jucá buscou a ajuda do Governo Federal para acabar com o racionamento de energia. Isso porque até meados de 1989, era a CERR, a Companhia Energética de Roraima que gerava e distribuía a energia em Roraima.
Porém, era o próprio Estado que mantinha a Companhia e, assim, faltavam recursos para os investimentos, bem como para manter a qualidade do serviço, conforme conta Romero Jucá.
“Todo dia faltava luz. Então, eu entendi que a gente tinha que trazer o Governo Federal para ajudar com a energia do Estado. Por isso, eu falei com o presidente José Sarney e, com a ajuda dele, a Eletronorte veio”.
Ainda segundo ele, a Eletronorte cumpriu duas funções: ajudou com a energia dos municípios e, depois, a trazer a energia da Venezuela.
“Quando a empresa chegou, a gente dividiu as funções. Assim, a Eletronorte cuidou da energia da capital, e a CERR ficou com o interior. Então, a gente teve recursos para melhorar os municípios. E depois, a Eletronorte ajudou a trazer o Linhão de Guri”.
A energia da Venezuela
Assim, o Linhão de Guri atendeu o Estado de 2001 a 2019. Contudo, o que pouca gente sabe, é que o país vizinho vivia uma crise energética que começou em 2009. E isso afetou o Estado.
Em 2017, por exemplo, o Linhão de Guri gerava 130 megawatt para 10 municípios. Mas, o Estado precisava de 180 mw. Ou seja, o resto vinha das termoelétricas.
“Então, Guri já não atendia tudo. Por isso, nós trabalhamos para trazer o Linhão de Tucuruí. Assim, eu ajudei com os recursos e o Governo Federal bancou a obra. Ela devia estar pronta em 2015, mas parou por questões ambientais e indígenas, o que causou todo o atraso”.
Os apagões na eleição de 2018
A crise de energia na Venezuela só piorou. E assim, todos os dias, o Estado tinha apagões. E em 2018, perto das eleições, o número aumentou muito.
Segundo a ANEEL, a causa era a falta de manutenção de Guri. Os números mostram que em 2017, foram 33 quedas de energia. Esse número foi para 87, em 2018. E depois que as térmicas assumiram, foram só 37 apagões, no ano de 2019.
“O Linhão de Guri não tinha manutenção e a energia caia todo dia. Então, eu busquei uma solução. E o que a gente tinha na época, eram as termoelétricas. Logo, sem elas, o Estado ia ficar no escuro, como a própria Venezuela ficou em 2019”.
Por decisão da ANEEL, em março de 2019, as térmicas assumiram toda a geração de energia no Estado. E em 2021, o presidente Jair Bolsonaro inaugurou mais uma Usina, a Jaguatirica II. No total, serão mais cinco usinas do tipo.
O desafio da energia de Roraima: o Linhão de Tucuruí e a solução
“Quando a questão com os waimiri-atroari surgiu, eu sugeri que a obra começasse no trecho de Boa Vista até Manaus. Porque esse era o maior trecho e ficava fora da reserva. Mas, até isso, a Justiça negou”, disse Romero Jucá.
Em maio deste ano, os waimiri-atroari concordaram com a proposta do Governo Federal. Desta forma, eles concordaram com a obra. Porém, ela ainda não começou e o prazo é de até dois anos. Ou seja, até lá, são as termoelétricas que vão gerar a energia para todo o Estado.
“As decisões sobre a energia são do Governo Federal. Por isso, depende muito de cada gestão e, da mesma forma, de cada presidente. Mas, após seis anos de tentativas e atrasos, nós esperamos que a obra comece em breve”.
Para ele, o Linhão de Tucuruí é a solução definitiva para o Estado. “Essa obra vai trazer o desenvolvimento e a geração de empregos. O futuro do nosso Estado depende de uma energia de qualidade. E nós temos que trazer essa energia”.