Apesar da distância, o povo de Roraima se uniu para ajudar as famílias do Rio Grande do Sul afetadas pela inundação histórica causada pela chuva que caiu no Estado.
Conforme os dados da Defesa Civil, o Rio Grande do Sul já soma mais de 67.542 desabrigados, que estão em alojamentos improvisados pelo Governo Estadual, e mais 163.786 pessoas desalojadas. No entanto, esse é um número que ainda pode aumentar, caso as chuvas continuem a cair.
Porém, mais que nos unirmos na busca por doações de roupas, de alimentos, água e até remédios, precisamos olhar com atenção para esta situação e refletir sobre o que nós podemos aprender com ela.
O enfrentamento aos desastres naturais precisa entrar o mais rápido possível, na pauta dos governantes. E isso quer dizer que há uma necessidade urgente de planejar as ações de prevenção aos desastres naturais bem como, de enfrentamento aos seus possíveis efeitos.
O ditado popular diz que é melhor prevenir do que remediar. Ele também se aplica a este caso. Conforme os dados de organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, o custo para recuperar as áreas afetadas por desastres naturais é muito alto.
No caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, há estimativas na cifra dos R$ 150 bilhões. Ou seja, quase 1,5% de todo o PIB do país. Por isso, todos nós somos afetados por desastres naturais desse tipo. Seja de forma emocional ou ainda com os efeitos na economia.
Rio Grande do Sul: nós estamos ignorando os alertas?
Alguns estudos já apontavam os riscos de grandes inundações que o Rio Grande do Sul poderia sofrer. No entanto, essas informações não foram levadas tão à sério. E o resultado, infelizmente, é o que nós estamos vendo agora.
Contudo, se voltarmos o nosso olhar para Roraima, vamos ver que, guardada as devidas proporções, o nosso Estado também precisa de um planejamento sério para enfrentar os desastres naturais.
Este ano, por exemplo, a nossa população sofreu com os efeitos da seca e dos incêndios. A fumaça fez a qualidade do ar gerar riscos à saúde. Porém, as previsões climáticas já mostravam uma fase de seca. Ainda assim, nada foi feito. E o pior: o Governo do Estado até liberou as autorizações de novas queimadas.
Ou seja, mais uma vez, os sinais foram ignorados e faltou o planejamento por parte do Governo do Estado. Por fim, a saída foi fazer mais decretos de calamidade. O que, na maioria das vezes, só serve para facilitar as compras sem licitação e com menos transparência, infelizmente.
Agora, nós estamos entrando no período de chuvas. Uma fase que também pode trazer problemas, visto que nosso Estado tem muitas estradas vicinais e pontes que não tiveram a atenção especial durante o verão.
Aliás, os problemas já começaram com rios transbordando em rodovias, com a lama em estradas do interior e até com pontes que cederam. Contudo, até agora, o Governo do Estado não mostrou nenhuma ação para prevenir ou atender a essas situações.
Se o inverno for mais forte e se os nossos produtores ficarem isolados, é quase certeza de que nós vamos ver os novos decretos de calamidade. Atos que, como eu disse antes, são pouco eficazes.
Boa Vista, um bom exemplo
Mas, ao contrário disso, temos o exemplo da Prefeitura de Boa Vista que semanas antes do começo das chuvas já fez o trabalho de limpeza de canais e bueiros. Ou seja, um esforço para evitar os alagamentos.
O trabalho é diário e segue com a Patrulha da Chuva em diversos pontos da capital. É claro que, dependendo do volume de chuvas, os problemas vão surgir. Porém, não dá pra negar o esforço da gestão municipal e o planejamento em antecipar as ações para reduzir os transtornos das chuvas.
Então, o que nós podemos aprender com toda essa tristeza que o Rio Grande do Sul enfrenta? Eu acredito que temos que aprender a considerar com mais seriedade os estudos técnicos, antever os problemas e planejar as soluções de forma antecipada.
Eu defendo ainda que o nosso país crie um Fundo de Enfrentamento aos Desastres Naturais. Uma ferramenta para dar o apoio para cidades e Estados afetados, além de garantir os investimentos em pesquisas e na infraestrutura de prevenção.
As surpresas sempre podem acontecer. Mas, com o planejamento e o investimento nas ações de prevenção, o impacto na vida das pessoas vai ser muito menor.