O presidente estadual do MDB de Roraima alertou para o risco da subnotificação e sugere que mais teste sejam realizados nas pessoas com sintomas.
Roraima atingiu chegou a 407 casos confirmados do coronavírus neste domingo (26). Porém, o que chama a atenção é que nenhum teste foi realizado entre sábado e domingo pelo Lacen (Laboratório Central de Roraima). A informação foi confirmada pelo próprio Governo do Estado e corrobora as suspeitas de que há subnotificação de casos.
Foi esse o alerta feito pelo presidente estadual do MDB em Roraima, Romero Jucá. Ele participou de entrevista por telefone, no programa Rádio Verdade e cobrou mais transparência nas informações sobre o coronavírus.
“Faço uma provocação ao Ministério Público Estadual (MPE) que determine ao Governo do Estado mais transparência na divulgação dessas informações. Além disso, o Lacen tem que operar em sua capacidade máxima, fazendo o maior número de testes possível. Se os números de casos confirmados não corresponderem à realidade, as pessoas se sentirão mais tranquilas para sair de casa e estarão mais expostas à doença”.
Jucá usou informações divulgadas pelo Governo para justificar o apelo. Segundo ele, na sexta-feira (24), o Lacen analisou 70 testes, dos quais 41 deram positivos. “Só nesta data, os casos positivos somaram mais de 50% das análises feitas pelo Lacen. Fora isso, temos acompanhando vários relatos de pessoas que buscam o HGR apresentando os sintomas da doença e são mandadas para casa, sem ter feito nenhum tipo de exame”.
O ex-senador defende que a divulgação correta das informações é fundamental para que as decisões sobre o isolamento social ou flexibilização de atividades econômicas sejam tomadas pelos prefeitos.
“Não sei qual é a intenção mas, ao meu ver, há sim um interesse do governador Antonio Denarium em não dar publicidade para essas informações, não sei se para tentar mostrar que ele é capaz de dar conta dessa crise. Mas, isso prejudica as decisões que são tomadas pelas Prefeitura. É a partir dos números de casos confirmados que os gestores municipais podem determinar com maior segurança a flexibilização das atividades econômicas, por exemplo. Por isso, a responsabilidade e transparência com essas informações têm que ser maior”, afirmou.
Jucá também lamentou a morte do servidor Victor José Moreira Dias, de 59 anos, a quarta vítima do covid-19 no Estado. Ele era servidor da Casa Civil, no Palácio do Governo e chegou a acessar o ambiente de trabalho na quarta-feira (22).
Em nota, o Governo afirmou que o servidor estava usando máscara e luvas. Colegas de trabalho que tiveram contato com Victor, desmentiram a informação. A nota do Governo também não diz se o servidor já tinha diagnóstico positivo da doença quando voltou ao seu local de trabalho. Segundo informado, Victor estava em casa e no sábado (25), seu quadro de saúde se agravou. Ele foi atendido no HGR mas, morreu três horas após dar entrada na Unidade.
Estrutura – Romero Jucá também conversou sobre a necessidade de toda população contribuir com as normas de prevenção, destacando o decreto no. 52/E, da Prefeitura de Boa Vista que tornou obrigatório o uso de máscara em órgãos públicos e estabelecimentos comerciais da capital.
“Temos todos que fazer a nossa parte. O Governo de Roraima que é o responsável por coordenar as ações e atender aos pacientes não tem estrutura adequada. No Estado inteiro, são 25 leitos de UTI, dos quais 15 já estão ocupados por pacientes com coronavírus. Para atender mais de 600 mil habitantes, temos apenas 144 respiradores. Por isso, a prevenção é tão importante”.
Esta semana, o Governo do Estado autorizou uso de verba complementar da área da Saúde no valor de R$ 8 milhões para o combate ao coronavírus. Ainda não foi divulgada a aplicação específica desse recurso.
No final de semana, profissionais de saúde do Estado denunciaram que a alimentação nas unidades foi suspensas. Servidores de empresas terceirizadas que prestam serviço ao Governo do Estado suspenderam suas atividades por falta de pagamento. As denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual continuam.
“É lamentável que tudo isso esteja acontecendo nesse momento em que a população e os profissionais de saúde mais precisam. As pessoas pouco valorizam, mas os terceirizados são parte importante no serviço de saúde porque desempenham funções como a limpeza das unidades hospitalares. O governador fez foto com os caminhões de equipamentos na frente do Palácio, mas onde está esse material se os profissionais reclamam todo dia que não tem epi para trabalhar? Na campanha, o governador dizia que o problema não era falta de dinheiro, mas sim de gestão. É válido cobrarmos isso agora”